sábado, 30 de novembro de 2013

Diário de Milifen, 30 de novembro de 2013

Lembra-se dele Charlie? Crane, o psicopata sem pista... Ha, ha, ha... Eu o encontrei Charlie... Não, ele me encontrou.
Desde nossa última conversa eu andava procurando por pistas dele, alguma outra vítima viva, algum local próximo que iria ter alguma festa ou algo assim. Nada. Não consegui nada. A propósito, se lembra da última vítima deixada por ele? Está morta. Foi encontrada na calçada do hospital com pulsos cortados e crânio totalmente quebrado. Ela se jogara do quarto em que estava. Os médicos disseram que nada a acalmava a meses, que as imagens daquela noite ainda estavam passando diante de seus olhos. Ela não dormia mais, Charlie. Isso me incomodou muito. Cuidei de pequenos crimes que se ocorreram após a morte dela sem sanidade alguma. 9 crimes, 9 bandidos, 9 mortos. Mortos por mim. Com isso descobri algo que você já deve saber. Só depois dessas mortes, é que me tornei Milifen. Antes eu era apenas um babaca com uma máscara fazendo uma justiça barata. Agora, Charlie, somente agora, eu tenho uma vaga infinita no que chama de inferno, ha, ha, o que será que me espera?
Mas não é sobre isso que quero lhe contar, é sobre Crane.

27 de novembro, 3:17

Eu estava na torre mais alta da igreja principal da cidade. O tempo estava limpo, somente a lua já era capaz de iluminar tudo, sem postes.
Ouvi gritos aterrorizantes, soube que era ele. Segui os gritos e me deparei com ele. Uma figura nada comum, Charlie, não era gigantesco e forte como pensei, 1,82 de altura, aparentemente 39 anos... Um crucifixo, mãos ensanguentadas, um sorriso sarcástico pingando partes do coração da vítima... Ele atacou, era muito ágil, tentei desviar de alguns golpes, fui atingido 90% das vezes, porém, sempre em defesa. 
Primeiro passo: Conheça seu alvo, veja seus movimentos e habilidades.
Tentei um ataque direto no nariz, quase fui mordido. Gancho de esquerda nas costelas, eram duras demais para ser ossos de alguém próximo dos 40. Seus pés estavam fixos no chão e só se mexiam se ele mesmo quisesse. Pulo na lata de lixo próxima, pegar impulso na parede e acertar um chute em sua nuca, não funcionou. Crane segurou-a e me jogou no chão. Corri e tentei me esconder para recuperar o fôlego e pensar em uma estratégia. Garrafas de bebida vazias, pedras, uma chave inglesa...
Segundo passo: Use o que sabe, se não for suficiente, utilize o ambiente a seu favor.
Jogar as pedras para distrai-lo, esperar o alvo se afastar, arremessar as garrafas na tentativa de desmaio ou cortes profundos, se o desgraçado atacar, desviar e enche-lo de pancadas com o objeto mais pesado que tiver. Sem sucesso. 
Acordei preso em um lugar totalmente desconhecido por mim, porém sabia que não estava muito longe de minha cidade. O cheiro de esgoto e vinho medíocre eram de um fabricante de vinho que se localizava fora da cidade.
Olhei em minha volta algo que pudesse me tirar dali, nada, todavia as cordas que me prendiam eram gastas, com força e perseverança talvez eu conseguisse me libertar. Ouvi passos vindo em direção a sala em que eu estava, era Crane. Agora sim eu havia visto sua verdadeira face. Era um padre. Pra ser preciso o padre Cornelious R. A. Nerus, CRANE, era daí que seu nome vinha. 
O fiz várias perguntas sobre o ocorrido, mas ele só disse "Milifen, não é?". Após dizer isso ele deixou onde eu estava e por dias eu tentei sair dali. Depois de muita força feita consegui me libertar e voltar a onde estou. O que ele quer Chalie? Você o mandou? O que se passa naquela mente doentia? 

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

"Skate é arte, cair faz parte."
Skate é moda, encontrar quem não à segue é foda.

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Não temos uma causa para lutar. Não temos uma Guerra Mundial para vencer, não temos que nos esconder de alguém que quer nos matar. Somos o resto que sobrou de tantas gerações passadas. Migalhas, chorume, bactérias... Decompondo-se a cada 60 segundos.
Nossos corpos são alimentados de drogas que acreditávamos ter jogado fora, e nossas mentes são um sonho de uma criança que ainda não diferencia o que é real. 
As pessoas ainda estudam e procuram feito maníacos por algo que os encha, que ocupe-os, que os satisfaça, e esse algo não é um sentimento, não é um objeto ou um alimento, não é algo maior que eles mesmos. 
Assim como vocês são do tamanho de seus sonhos, vocês são do tamanho de sua mediocridade.

Milifen.

domingo, 24 de novembro de 2013

É triste.
A ilusão presente no meu subconsciente de mim mesmo é tão real a ponto de ser comparada a existência de um ser onipotente.
É um suicídio e um renascer apático que acontece em questão de reflexões inusitadas.
Já pensei que sabia quem eu era, será que me enganei?
Sei do que e de quem gosto ou não, tenho minhas opiniões e controvérsias a respeito de vários temas, apesar de que posso ter certeza de tudo ou de nada. O ser humano é confuso, não? Ou será eu que me coloco à parte de tudo para parar e pensar isolado em minha galáxia?
Estranho.

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

O homem demasiado homem,
Se nomeia e se baseia num semelhante.
Ou num antônimo, classificado por este mesmo, um irracional.
Quadrúpede, bípede, aéreo, terreno, até mesmo um aquático.
Se considerado demasiado seria um lunático.
Lunático ou dono da lua, poeta ou morador de rua.
Feliz na infeliz causa que o causa solidão e tristeza,
Mas sorri sincera ou forçadamente.
Julgado por Prada um vagabundo bêbado inconveniente.
Mas um Senhor dos Astros, em sua humilde mente.
Humildemente se levanta do banco da praça,
Após admirar da natureza uma graça,
Mancha no papel com tinta e uma pena
Derrama suas lágrimas, paranoias e pensamentos
Se esvazia e se entedia, então o crema.
A luz da brasa é bela, e o conforta,
Apesar de suas flores se encontrarem mortas.

domingo, 17 de novembro de 2013

Ah, garota. E se tu soubesse que teu sorriso era com um farol para um navio ou uma estrela guia para alguém perdido por aí, tu voltaria a ser meu farol?
Vocês esperam tão desesperadamente que no terceiro dia, de repente, algo possa renascer
Vocês pedem e rezam para algo maior que num passe de mágica algo possa acontecer
Vocês nascem, crescem, trepam, matam, morrem acreditando que algo possa os ver
Vocês trabalham sempre incansavelmente pra seu dinheiro numa cesta colocado ser
Será que um dia, sei lá, possivelmente, vocês possam se der conta e crescer?
Não sou juiz e muito menos o seu "Deus" para te dizer o que fazer
Então esculte aqui, criança, sem "Deus", quem faz seu destino é você. Você.

domingo, 10 de novembro de 2013

O hoje em dia me entedia.
Cada dia me parece o mesmo dia.
Um após o outro,
E o mesmo logo depois.
Mesmo passando 24 horas em lugares opostos, tais antônimos,
Pela minha armação e lentes, me são sinônimos.

E o relógio vai tiquetaqueando,
O tempo vai passando,
E eu, que deveria estar por aí, andando
Me encontro digitando.



segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Talvez eu devesse esquecer
Talvez eu devesse me sufocar
Talvez eu faça por merecer
Mas iria me arrepender de não amar

Talvez eu sorria, forçadamente
Agradar olhares de relance
Confortar a própria mente
Para que entre em um completo transe

Talvez eu faça, amarre, suba, tropece
Talvez eu fume, beba, bata, apanhe
Tudo o que possivelmente me esclarece
E perceba, sem piscar, banhado em sangue.

domingo, 3 de novembro de 2013

Falam de respeito, mas esquecem de si próprios.
Falam de liberdade como se fosse uma dádiva.
Falam de felicidade como se fosse sua meta de vida.
Mau conhecem a si mesmos e exigem respeito.
Sua liberdade é mera ilusão criada sem deveres, é uma luxúria humana. Nada mais.
Ninguém é naturalmente feliz. Felicidade existe somente quando não há tristeza. A presença e ausência da suposta tristeza geram dúvidas. E com as dúvidas, percepção. E com a percepção, a pura e maldita realidade.
A realidade quando vem à tona a qualquer Sapien, é um choque. Um incômodo. Um gancho de esquerda no crânio. Bem-vindo ao Limbo, "Dante".
Algo ainda é maior que a realidade maldita, a ignorância. Quando presente no suposto Sapien, ao meu insignificante ver, ele não existe mais. É matemática simples: Sapien + Ignorância = 99% de toda população existente desde quando o ser se tornou o suposto pensante. Um ignorante. Não cego, não surdo, não mudo, um ignorante. Ele vê, ele ouve, ele pode falar, mais ignora. Simples, "normal", tolice.
"Dante", ainda há lugar no Inferno para você. Não o esquecemos. Curioso, não?

sábado, 2 de novembro de 2013

Diário de Milifen, 02 de novembro

Ainda continuo vivo, Charlie. Apesar de que nem mesmo eu sei como estou assim, após todas as tentativas de me mandar de volta ao inferno daqueles babacas que valem menos de um cigarro e algumas formigas.
Tudo estava como antes por aqui. Dias 29 e 30 e fazia minhas caminhadas como de costume e via as mesmas coisas, estupros, roubos, divertimento do sofrimento alheio, e como sempre, eu interferi em tudo o que sentia despreço.
Tentativa de estupro, o desgraçado tinha lá seus 30 anos, a vítima 27, talvez mais. O estuprador estava bêbado, havia bebido todas e teria pedido fiado até não poder mais. Revoltado por ter sido expulso daquilo que chamava de bar resolver estuprar a primeira moça que aparecesse em sua frente. Eu já tinha visto a vítima antes. Voluntária no hospital localizado em um bairro pobre, saiu tarde por fazer hora extra, infelizmente, a comédia sorriu para ela. O bêbado dizia coisas sujas e baixas, me deu vontade de vomitar. A mulher tentou correr mas torceu o tornozelo tentando a fuga. Ele estava quase em cima dela, mas só estava.
Chamar a atenção, mão aberta no pescoço e no nariz, ficou mais desorientado ainda. Quebrou a garrafa que estava segurando e tentou me cortar, muito comum. Desviar dos "ataques", torcer o braço, quebrar o úmero, derrubá-lo com força de costas no chão, chute no saco arrebentando sem dúvidas suas bolas, acabou.
A mulher agradeceu e seguiu seu caminho assustada. A segui até seu apartamento, pra ter certeza de que não se encontrasse com a comédia novamente. Nada pessoal.
Noite do dia 31, "Halloween" escrito em tudo quanto é lugar. Você gosta do Halloween Charlie? Eu também não. Vários crimes foram cometidos naquele dia e todos sem cair a noite. Coisas simples como roubos em lojinhas medíocres ou tentativas de furto de carros. Todos sem sucesso. Não que a polícia tivesse feito seu trabalho, ninguém mais acredita na justiça feita por ela. Eu consegui evitar boa parte de tudo o que houve. Até chegar a noite. Que noite bela. A lua iluminava mais que os postes, ótima noite para um assassinato em massa, não?
Foi daí que eu soube dele, Crane. O psicopata sem pista. Deu início a sua lenda as 02:47 da manhã.
Era mais um show dessas bandas de adolescentes. Local fechado, pouca segurança, muito fácil. O bastardo matou mais de mil pessoas em menos de uma hora. Ninguém ouviu, as paredes eram revestidas de um material que evitava que o som saísse, não incomodando moradias próximas. Perfeito para ele. 
O mais curioso foi como eu soube disso. O lugar estava em chamas, putrefação no ar e em cada labareda presente ali. A única vítima estava do lado de fora, assustada, traumatizada. Me contou do ato psicótico em palavras simples mas que diziam muito.
Soube que ela está internada em um hospital psiquiátrico a quilômetros daqui. O que acha, Charlie? Por que de repente alguém assassinaria brutalmente milhares de adolescentes mas deixaria uma? Por que? Claro... Seu legado. Uma claramente precisaria estar viva para espalhar o medo. Ele quer ser temido. 
Talvez tenha conseguido. nesta noite nunca vi a cidade tão quieta e sem festas. Crane... Hum.